
Clare Donovan tentou a ignição pela quarta vez. O resultado foi o mesmo: silêncio. Nem um engasgo, apenas o estalo morto de metal caro recusando-se a cooperar. Ela soltou um suspiro frustrado e saiu do carro, seus saltos agulha esmagando o cascalho no acostamento. A estrada na montanha se estendia infinitamente em ambas as direções — majestosa, isolada e, naquele momento, completamente inútil.
Ela verificou o celular. Uma barra de sinal, depois nenhuma, depois uma novamente. Uma provocação cruel.
— É claro — sussurrou ela para o vento frio. — De todos os dias, tinha que ser hoje.
A ironia não lhe escapou. Naquela manhã, ela havia ficado diante de quarenta executivos céticos e fechado um acordo de fusão multimilionário. Ela comandou aquela sala com confiança, precisão e autoridade inabalável. E agora? Agora ela era apenas uma mulher parada ao lado de um sedã de luxo que se recusava a ligar, no meio do nada.
Foi quando ela ouviu o ronco de um motor. Uma caminhonete antiga, com a pintura azul desbotada por anos de sol e trabalho pesado, encostou atrás do carro dela. A porta rangeu ao abrir e um homem desceu. Ele era alto, de ombros largos, vestindo uma camisa de flanela com as mangas dobradas revelando manchas de graxa e calças jeans que já tinham visto dias melhores. Seu rosto era curtido pelo tempo, mas havia uma gentileza nas linhas ao redor de seus olhos que sugeria que ele sorria com frequência.
Ele olhou para o carro dela, depois para ela, e inclinou a cabeça levemente.
— Problemas com o motor? — perguntou ele. A voz era grave e rouca.
Clare sentiu uma pontada no peito. Alívio, talvez, misturado com a cautela habitual de uma mulher sozinha na estrada.
— Não liga. Não faço ideia do que há de errado — respondeu ela, cruzando os braços para se proteger do frio.
— Se importa se eu der uma olhada?
Ela hesitou por apenas um segundo.
— Por favor.
Ele caminhou até o carro, movendo-se com a confiança tranquila de alguém que passou a vida trabalhando com as mãos. Ele abriu o capô sem perguntar, inclinando-se para inspecionar o motor. Clare recuou um passo, observando-o trabalhar.
Foi então que começou. Aquela sensação estranha e persistente no fundo de sua mente. Havia algo nele. Algo na curvatura dos ombros, na maneira como ele se concentrava. Parecia familiar.
— Quando foi a última vez que você verificou a bateria? — perguntou ele, sem levantar os olhos.
— Eu… não tenho certeza. Comprei este carro há apenas seis meses.
— Pode ser um terminal solto. Deixe-me ver se tenho algo na caminhonete.
Ele voltou ao veículo dele, vasculhou uma caixa de ferramentas na caçamba e retornou com uma chave inglesa. Clare observou suas mãos enquanto ele trabalhava: firmes, capazes, seguras de cada movimento. Havia algo na maneira como ele se portava que puxava uma memória que ela não conseguia alcançar.
— Sou Clare, a propósito — disse ela.
Ele olhou brevemente para cima, oferecendo um pequeno sorriso.
— Ethan.
Ethan. O nome não fez soar nenhum alarme imediato, mas aquele sorriso… Deus, aquele sorriso. Era quente e genuíno. O tipo de sorriso que fazia você sentir que tudo ficaria bem, que o mundo não era um lugar tão hostil. Ela já tinha visto aquele sorriso antes. Tinha certeza disso.
— Você mora por aqui? — perguntou ela, tentando manter a conversa fluindo, tentando decifrar por que ele parecia um fantasma de seu passado.
— Cerca de vinte minutos estrada abaixo. Tenho uma oficina mecânica na cidade.
Ele apertou algo com a chave inglesa, testou a firmeza com o polegar e então se endireitou, limpando as mãos em um pano vermelho que tirou do bolso de trás.
— Tente agora.
Clare deslizou de volta para o banco do motorista e girou a chave. O motor rugiu com vida, suave e perfeito, como se nunca tivesse falhado.
— Oh, meu Deus — ela respirou, aliviada. — Obrigada. Muito obrigada.
Ethan fechou o capô e deu dois tapinhas na lataria.
— Era apenas um terminal da bateria frouxo. Acontece às vezes, mesmo em carros novos.
Clare saiu do veículo, já pegando a bolsa.
— Deixe-me pagar. Sério, quanto lhe devo?
— Nada — disse ele prontamente.
— Não, sério. Eu insisto. Você salvou meu dia.
— Levou dois minutos — disse Ethan, balançando a cabeça. — Não vou aceitar seu dinheiro por apertar um parafuso, senhora.
Não havia como discutir com ele. Clare percebeu isso pela firmeza em sua postura. Em vez de dinheiro, ela puxou um de seus cartões de visita, estendendo-o para ele.
— Então, pelo menos pegue isto. Se você precisar de alguma coisa, qualquer coisa, por favor, me ligue.
Ethan pegou o cartão, olhando-o brevemente. Suas sobrancelhas se ergueram ligeiramente quando ele leu o título abaixo do nome dela: CEO, Donovan Enterprises.
— Bem — disse ele, guardando o cartão no bolso da camisa. — Espero que o resto da sua viagem seja mais tranquilo, Sra. Donovan.
— Obrigada novamente. De verdade.
Ele assentiu, deu-lhe mais um daqueles sorrisos calorosos e caminhou de volta para sua caminhonete.
Clare ficou parada ali, observando enquanto ele entrava, ligava o motor barulhento e voltava para a estrada. Ela observou as lanternas traseiras vermelhas desaparecerem na curva distante. E foi nesse momento que a ficha caiu.
Aquele sorriso. Aquela gentileza desinteressada. A maneira como ele olhou para ela — realmente olhou para ela —, como se ela fosse uma pessoa e não apenas um título ou um cifrão.
Ela o conhecia.
A respiração de Clare ficou presa na garganta. Sua mente correu para trás, peneirando anos de memórias corporativas e planilhas, procurando onde tinha visto aquele rosto. E então, como uma fotografia revelando-se lentamente em uma sala escura, a imagem entrou em foco.
Quinze anos atrás. Universidade. Os degraus da biblioteca.
Ela estava voltando para o dormitório tarde da noite quando um grupo de rapazes bêbados a encurralou, fazendo comentários grosseiros, bloqueando seu caminho. Ela estava aterrorizada, congelada, segurando seus livros contra o peito como um escudo inútil. E então ele apareceu. Um rapaz da sua turma de Física, alguém com quem ela mal havia falado.
Ele se colocou entre ela e eles com uma presença silenciosa e imponente que fez os agressores recuarem sem que um soco precisasse ser desferido. Ele a acompanhou até o dormitório naquela noite. Eles sentaram na varanda e conversaram por horas. E, naquelas horas, Clare sentiu algo que nunca havia sentido antes: vista, compreendida, segura.
O nome dele era Ethan. Ethan Harris.
As mãos de Clare tremiam enquanto ela pegava o celular. O sinal tinha voltado. Ela olhou para o cartão dele, que na verdade ainda estava em sua própria mente, e seu coração batia forte contra as costelas. Era ele. Depois de todos esses anos, era realmente ele. E ele nem a reconhecera.
Clare não dormiu naquela noite. Deitada em sua cama king-size na cobertura vazia da cidade, ela encarava o teto, repassando cada segundo do encontro na estrada. A maneira como Ethan a olhara — gentil, prestativo, mas distante. Como se ela fosse apenas mais uma motorista perdida. Outra estranha.
A percepção cortou mais fundo do que ela esperava. Quinze anos atrás, ela não era ninguém. Uma caloura assustada com roupas de segunda mão e uma bolsa de estudos que não podia se dar ao luxo de perder. Mas naquela noite nos degraus da biblioteca, quando Ethan interveio sem hesitação, ela se sentiu como alguém. Eles conversaram até o amanhecer sobre sonhos, medos, o futuro. E quando o sol nasceu, ele a beijou — suave e gentil, como se ela fosse algo precioso.
E então, ele se foi. Ela o procurou, perguntou pelo campus. Mas Ethan Harris simplesmente desapareceu no final do semestre, e eventualmente Clare teve que aceitar que o que quer que tivessem compartilhado fora apenas um momento bonito. Nada mais.
Exceto que nunca pareceu “nada”. Não para ela.
Agora ele estava de volta. E ela era invisível para ele.
Clare pegou o celular da mesa de cabeceira. Eram 3:00 da manhã. Ela abriu o Google e digitou o nome.
Harris Auto Repair apareceu imediatamente. Avaliações cinco estrelas, fotos de carros antigos restaurados, um site simples. Havia uma foto de Ethan em frente à oficina, braços cruzados, aquele mesmo sorriso tranquilo.
Então ela encontrou a página pessoal dele. Perfil público. Fotos de uma garotinha com cachos escuros e o sorriso dele. Emma. Provavelmente fotos de peças da escola, festas de aniversário, acampamentos de pai e filha. Uma vida simples. Uma vida boa.
Não havia menção de uma esposa. Nenhuma mulher nas fotos recentes. O peito de Clare apertou. Ele construiu um mundo inteiro sem ela. E por que não construiria? Ela tinha sido apenas uma noite em sua vida. Uma conversa. Um beijo.
Mas Deus, ela nunca o tinha esquecido.
Seu dedo pairou sobre o botão de mensagem. O que ela diria? “Ei, lembra de mim? Você me salvou uma vez e tenho medido todos os homens que conheci nos últimos 15 anos pela sua régua?”
Ela fechou o aplicativo. Isso era loucura. Ela estava sendo insana.
Na manhã seguinte, porém, Clare se viu dirigindo de volta para aquela cidade nas montanhas. Ela disse a si mesma que era apenas para agradecê-lo adequadamente, para retribuir a gentileza. Nada mais.
A Harris Auto Repair era um prédio modesto na rua principal, imprensado entre uma loja de ferragens e uma cafeteria. Clare estacionou do outro lado da rua, observando pela janela enquanto Ethan trabalhava em um Ford antigo, seus movimentos eficientes e praticados. Ela quase deu meia-volta. Quase foi embora.
Então Ethan olhou para cima, viu o carro dela e acenou.
Não havia como recuar agora.
A oficina cheirava a óleo, metal e café fresco. Uma senhora na recepção sorriu para ela.
— Posso ajudar em algo, querida?
— Estou… na verdade, estou procurando o Ethan.
— Clare?
Ela se virou. Ethan estava caminhando em sua direção, limpando as mãos em um pano, parecendo surpreso, mas satisfeito.
— Oi — disse ela, sentindo-se repentinamente tola em seu blazer de grife. — Espero não estar interrompendo.
— De jeito nenhum. Está tudo bem com o carro?
— Ah, sim. O carro está perfeito. Eu só… — Ela ergueu uma sacola de papel pardo. — Trouxe o almoço. Para agradecer. Se você tiver tempo.
Algo piscou no rosto de Ethan. Hesitação, talvez? Ou incerteza? Ele olhou para a oficina, depois para ela.
— Sim — disse ele finalmente. — Sim, eu posso fazer uma pausa.
Eles se sentaram em um banco de madeira do lado de fora da cafeteria vizinha. Clare havia trazido sanduíches de uma delicatessen sofisticada da cidade, subitamente consciente de como pareciam deslocados naquela cidade pequena.
— Você não precisava fazer isso — disse Ethan, desembrulhando o sanduíche com cuidado.
— Eu queria.
Eles comeram em silêncio por um momento. A mente de Clare corria, procurando as palavras certas, a maneira certa de perguntar se ele se lembrava.
— Posso te perguntar uma coisa? — Ethan disse calmamente, rompendo o silêncio.
O coração de Clare saltou.
— Claro.
— Ontem, quando você me deu seu cartão… Clare Donovan, CEO. Você é aquela Clare Donovan. Eu pesquisei você ontem à noite.
Ele não estava encontrando os olhos dela. Ele olhava para a rua.
— Você fez coisas incríveis. Construiu um império. Por que você está realmente aqui, Clare?
— Eu te disse. Para agradecer.
— Pessoas como você não dirigem uma hora para trazer almoço para um mecânico de cidade pequena — a voz dele era gentil, mas firme. — Então, sobre o que é isso realmente?
A respiração de Clare travou. Ela podia ver agora. As barreiras que ele havia construído. A suposição de que alguém como ela não poderia ter um interesse genuíno em alguém como ele.
— Você acha que estou fazendo caridade? — ela perguntou suavemente. — Que isso é algum tipo de capricho de rico?
— Eu não sei o que pensar — Ethan finalmente olhou para ela. — Você é uma CEO. Eu conserto carros e vou para casa fazer jantares congelados para minha filha. Vivemos em mundos diferentes.
— Nós nem sempre vivemos — as palavras pairaram no ar entre eles.
A expressão de Ethan mudou. Confusão e concentração, como se ele estivesse tentando resolver um quebra-cabeça complexo.
— O que você quer dizer?
As mãos de Clare tremiam. Era agora.
— Universidade Westfield. Quinze anos atrás. Tivemos Física juntos, aula do Professor Morrison.
Os olhos de Ethan se arregalaram ligeiramente.
— Eu só fiquei lá por um ano. Sei que você saiu na primavera — ela respirou fundo. — Você se lembra do dia 23 de outubro? Do lado de fora da biblioteca?
Ela observou o rosto dele com cuidado, viu o momento em que a memória se agitou, viu-o vasculhando o tempo.
— Havia uma garota… — disse ele lentamente. — Alguns caras estavam incomodando-a. Eu a levei para casa.
— Aquela era eu, Ethan.
Ele olhou para ela. Realmente olhou, como se a estivesse vendo pela primeira vez. O sanduíche esquecido em sua mão. O corpo todo imóvel.
— Clare… — ele sussurrou. — Você… era você?
— Eu tinha cabelo castanho naquela época. Óculos. Eu pesava dez quilos a menos porque mal podia pagar para comer.
— Oh, meu Deus. — Ethan passou a mão pelo cabelo, atordoado. — Eu procurei por você. Depois que tive que sair da faculdade, tentei te encontrar, mas não tinha seu número. Não sabia seu sobrenome. Você era apenas “Clare da aula de Física”.
Algo se rompeu no peito de Clare.
— Você me procurou?
— É claro que sim — a voz dele falhou ligeiramente. — Aquela noite, Clare… aquilo não foi apenas uma coisa qualquer para mim. Conversamos por horas. Eu pensei… eu pensei que talvez…
Ele parou, e Clare viu tudo estampado em seu rosto. A mesma saudade que ela carregara por 15 anos. O mesmo “e se?” que a assombrara.
— Eu pensei em você constantemente — disse ela, a voz mal passando de um sussurro. — Quando você desapareceu, tentei te encontrar também. Mas você tinha sumido.
— Minha mãe foi diagnosticada com câncer — disse ele, a dor antiga ainda presente na voz. — Tive que voltar para casa. Tive que cuidar dela. Eu não podia… — ele parou, a emoção grossa na garganta. — Eu não podia pagar para continuar na faculdade. Não podia pagar nada. Então eu fui embora.
— Sinto muito, Ethan.
— E agora você está aqui — disse Ethan, olhando para ela como se ela fosse uma miragem impossível. — Depois de todo esse tempo, você está realmente aqui.
— Eu te reconheci no segundo em que você sorriu para mim naquela estrada — admitiu Clare. — Eu nunca esqueci aquele sorriso.
Ethan estendeu a mão sobre o banco, a mão pairando perto da dela, sem tocá-la.
— Não consigo acreditar que é você. Não consigo acreditar que não vi isso antes.
— Eu pareço diferente.
— Não — ele balançou a cabeça. — Você parece exatamente a mesma. Eu só não conseguia me permitir acreditar que alguém como você se lembraria de alguém como eu.
— “Alguém como você” salvou minha vida, Ethan. E então me fez sentir que eu importava, que eu valia alguma coisa. — Lágrimas picavam seus olhos. — Como eu poderia esquecer isso?
A mão dele fechou sobre a dela, quente, calejada e real. E pela primeira vez em 15 anos, Clare sentiu que finalmente tinha voltado para casa.
Nas duas semanas seguintes, Clare encontrou motivos para dirigir até aquela cidade nas montanhas. Reuniões de negócios que ela poderia ter feito remotamente, documentos que não precisavam ser assinados pessoalmente. A cada vez, ela parava na cafeteria ao lado da oficina de Ethan, e de alguma forma ele sempre sabia que ela estava lá.
Eles almoçavam, às vezes jantavam cedo. Falavam sobre tudo: os anos perdidos, as vidas que construíram separadamente, a estranha reviravolta do destino que os trouxera de volta. Mas algo estava segurando Ethan. Clare podia sentir na maneira como ele recuava quando ficavam muito próximos, na maneira como mudava de assunto quando ela mencionava o futuro.
Foi numa sexta-feira à noite que tudo veio à tona. Clare dirigira até lá depois do trabalho, ainda em seu terno de negócios, e encontrou Ethan fechando a oficina.
— Ei — disse ele, surpreso. — Não esperava você hoje.
— Eu queria te ver. — Ela se aproximou. — Tudo bem?
— Sim, claro. — Mas o sorriso dele não chegou aos olhos.
— Ethan, o que há de errado?
Ele trancou a porta da loja, evitando o olhar dela.
— Nada está errado.
— Não faça isso. Não se feche para mim.
Ele se virou para encará-la então, e a dor em seus olhos quase a quebrou.
— Clare, o que estamos fazendo aqui?
— O que você quer dizer?
— Quero dizer isto. — Ele gesticulou entre eles. — Você e eu. O que é isto?
— Eu pensei que estivéssemos… — Ela parou, vasculhando o rosto dele. — O que você quer que seja?
Ethan soltou uma risada curta, sem humor.
— O que eu quero não importa. Olhe para você. Olhe para mim. Você dirige um carro que custa mais do que eu ganho em dois anos. Você administra uma empresa com escritórios em seis países. Eu conserto radiadores e ajudo uma menina de oito anos com o dever de casa. Nós não fazemos sentido, Clare. Nunca fizemos.
As palavras a atingiram como um golpe físico.
— Isso não é verdade.
— Não é? — A voz de Ethan subiu ligeiramente. — Quinze anos atrás, você estava indo a lugares e eu era o cara que teve que desistir. Agora você está no topo e eu ainda estou aqui, na mesma cidade pequena, fazendo as mesmas coisas pequenas. Que tipo de vida posso oferecer a você?
— Eu não estou pedindo que você me ofereça nada material.
— Mas deveria! — Ele passou a mão pelo cabelo, frustrado. — Você merece alguém que possa acompanhar seu ritmo. Alguém que se encaixe no seu mundo.
— Meu mundo é vazio, Ethan! — A voz de Clare falhou. — É cheio de reuniões e contratos e pessoas que só se importam com o que posso fazer por elas. Você é a primeira pessoa em 15 anos que olhou para mim e viu eu. Apenas eu.
— Isso não é suficiente.
— Por que não?
— Porque você vai acordar um dia e perceber que se acomodou — o maxilar de Ethan se contraiu. — Você vai perceber que desistiu da sua vida por um mecânico em uma cidade que não aparece no mapa e vai me ressentir por isso.
— É isso que você realmente pensa? — Clare deu um passo à frente, indignada. — Que estou aqui por alguma nostalgia mal colocada? Que tenho dirigido uma hora em cada sentido para te ver porque sinto pena de você?
— Eu não sei mais o que pensar.
— Então deixe-me simplificar. — A voz de Clare estava firme agora, apesar das lágrimas ameaçando cair. — Naquela noite, há 15 anos, você me fez sentir segura. Você me fez sentir que eu importava. E então você se foi. E eu passei anos tentando encontrar essa sensação novamente. Eu construí um império, Ethan. Conquistei salas de diretoria e fechei negócios e provei a todos que eu valia alguma coisa. Mas eu nunca fui feliz. Não realmente. Porque nada disso significava nada sem alguém real para compartilhar.
Ethan ficou em silêncio, a garganta trabalhando.
— E então você apareceu naquela estrada na montanha — continuou Clare. — E pela primeira vez em 15 anos, senti que podia respirar novamente. Então, não, isso não é sobre pena, ou nostalgia, ou eu brincando de turista. Isso é sobre eu finalmente encontrar a única pessoa que me faz sentir inteira.
— Clare…
— Não terminei. — Ela fechou a distância entre eles, ficando a centímetros dele. — Você acha que sou boa demais para você? Você acha que mereço melhor? Deixe-me dizer o que eu mereço. Eu mereço alguém que me olhe como se eu fosse uma pessoa, não uma margem de lucro. Alguém que conserte meu carro sem esperar nada em troca. Alguém que converse com sua filha sobre dinossauros e a leve para acampar nos fins de semana. Alguém que seja gentil, honesto e real.
Lágrimas escorriam pelo rosto dela agora.
— Eu mereço você, Ethan Harris. E se você não consegue ver isso, se vai deixar seu medo e seu orgulho ficarem no caminho do que poderíamos ter, então você está certo. Talvez não façamos sentido.
O silêncio se estendeu entre eles, pesado e doloroso. Clare esperou, o coração martelando. Tudo estava exposto.
Então Ethan se moveu. Três passos rápidos, e ele segurou o rosto dela em suas mãos, os polegares limpando as lágrimas dela.
— Estou com medo — sussurrou ele.
— Eu sei.
— Tenho medo de não ser o suficiente. De decepcionar você.
— Ethan — Clare colocou as mãos sobre as dele. — Eu me arrependi de muitas coisas na minha vida. Mas você… você nunca poderia ser uma delas.
Ele a beijou então. Suave no começo, hesitante, como se tivesse medo de que ela pudesse desaparecer. Então, mais profundo. Quinze anos de saudade, perda e amor reprimido derramando-se naquele único momento. Quando finalmente se separaram, Ethan encostou a testa na dela.
— Eu tenho uma filha — disse ele calmamente. — Ela vem em primeiro lugar, sempre.
— Eu não esperaria nada menos.
— E não vou me mudar para a cidade grande. Esta é minha casa. A casa da Emma.
Clare sorriu.
— Tenho uma equipe muito capaz. Posso trabalhar remotamente.
— Você faria isso? Por nós?
— Sim.
Ethan recuou ligeiramente, estudando o rosto dela como se o estivesse memorizando para a eternidade.
— Isso é loucura.
— As melhores coisas geralmente são.
— Minha filha vai ter tantas perguntas.
— Espero que sim. Quero saber tudo sobre ela.
Algo mudou na expressão de Ethan. A última muralha caindo.
— Ela vai amar você.
— Como você sabe?
— Porque eu amo.
As palavras saíram cruas e honestas.
— Eu te amei há 15 anos, Clare, e nunca parei. Só enterrei fundo o suficiente para fingir que tinha esquecido.
A respiração de Clare falhou.
— Diga isso de novo.
— Eu amo você. — Ethan sorriu, aquele sorriso quente e genuíno que assombrara os sonhos dela. — Eu te amo desde que você adormeceu no meu ombro naquela noite, falando sobre como ia mudar o mundo. E você mudou. Você mudou o meu.
— Eu também te amo. — Clare riu através das lágrimas. — Eu tenho estado apaixonada por você por 15 anos, e nem sabia se te veria novamente.
— Bem — Ethan envolveu a cintura dela com os braços —, você está presa a mim agora.
— Promete?
— Prometo.
Três meses depois, Clare estava nas arquibancadas da escola primária local, assistindo Emma, de oito anos, tentar jogar futebol. Na verdade, Emma estava mais interessada nos dentes-de-leão crescendo na beira do campo do que no jogo em si.
Ethan estava sentado ao lado dela, a mão quente e firme segurando a dela.
— Ela é terrível nisso — sussurrou ele, rindo.
— Ela está se divertindo. É isso que importa.
— Na semana passada, ela perguntou se você seria a nova mãe dela.
O coração de Clare tropeçou.
— O que você disse a ela?
— Disse que isso dependia de você e dela descobrirem juntas. — Ethan olhou para ela, apertando suavemente sua mão. — Mas, pelo que vale… eu gostaria disso. Algum dia. Quando você estiver pronta.
— Algum dia em breve — disse Clare suavemente, encostando a cabeça no ombro dele.
Emma marcou um gol acidental. A bola ricocheteou em sua canela enquanto ela colhia flores e rolou para a rede. Ela olhou para cima, chocada, depois extasiada, e imediatamente apontou para Clare e Ethan nas arquibancadas. Eles pularam e aplaudiram como se ela tivesse vencido a Copa do Mundo.
Depois do jogo, Emma correu até eles, com o uniforme manchado de grama e o rosto brilhando.
— Vocês viram? Vocês viram meu gol?
— Nós vimos! — disse Clare, agachando-se para ficar na altura dela. — Você foi incrível.
— Podemos tomar sorvete? O papai sempre compra sorvete depois dos jogos.
Ethan riu.
— Sorvete, então.
Emma agarrou a mão de Clare de um lado e a de Ethan do outro, balançando entre eles enquanto caminhavam para o estacionamento. O sol estava se pondo sobre as montanhas, lançando uma luz dourada sobre o mundo. E Clare percebeu algo profundo naquele momento simples.
Isso era o que ela estivera procurando o tempo todo. Não o sucesso, ou o reconhecimento, ou a riqueza acumulada. Apenas isso. Apenas eles. Apenas um lar.
Às vezes, o amor não é sobre o timing perfeito. Às vezes, é sobre carros quebrados, estradas desertas e a coragem de reconhecer a pessoa que está esperando em seu coração o tempo todo. Às vezes, o estranho que para para ajudar não é um estranho. Às vezes, ele é a resposta que você procurou a vida inteira.
E às vezes, apenas às vezes, você tem a sorte de ficar com ele.
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